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Entrevista Pedro Leitão - Banco Montepio

A APEE - Associação Portuguesa de Ética Empresarial promove a ESG WEEK 2023, iniciativa que promove o debate dos grandes temas da Sustentabilidade, enquadrados nos domínios ESG – Environmental, Social, Governance. Decorre em formato presencial com transmissão via streaming.

Este encontro consiste numa oportunidade para se discutir os desafios atuais, o ambicioso e abrangente pacote de medidas adotado pela Comissão Europeia, nomeadamente a Taxonomia Europeia, a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) e atos delegados modificativos, respeitantes aos deveres fiduciários, que se destinam a melhorar o fluxo de fundos para atividades sustentáveis em toda a União Europeia.

O Banco Montepio renova a associação a esta segunda edição da iniciativa, enquanto Main Sponsor. Em entrevista Pedro Leitão, Presidente da Comissão Executiva do Banco Montepio, explica que “A parceria do Banco Montepio com a APEE assenta no objetivo comum de promover uma agenda ética junto das organizações e partes interessadas para as quais trabalhamos.”

Na 2ª edição da ESG WEEK, temos a honra de poder contar com um parceiro de longa data, o Banco Montepio, como Main Sponsor. Que expectativas têm para a ESG WEEK 2023?

A parceria do Banco Montepio com a APEE assenta no objetivo comum de promover uma agenda ética junto das organizações e partes interessadas para as quais trabalhamos.

O legado ético da nossa instituição sustenta as nossas atividades e operações correntes, e inspira-nos quanto ao investimento que fazemos no futuro, seja de pessoas, famílias, empresas ou entidades da economia social e solidária.

O sucesso da primeira edição da ESG Week em 2022 consolidou a importância atribuída às matérias ESG, para todos os setores da economia e diferentes públicos que exercem uma cidadania ativa, mas também para investidores e supervisores. A antecipação do quadro regulatório europeu vem, igualmente, reforçar a necessidade de acelerarmos uma abordagem eficiente e eficaz aos objetivos inscritos na Agenda 2030 e no Acordo de Paris.

A segunda edição trará, certamente, uma discussão mais focada nos desafios e oportunidades, e, também, o conhecimento de tendências atuais na agenda global para a Sustentabilidade.

No âmbito do Acordo de Paris e do Plano de Ação da EU, a União Europeia adotou um quadro regulamentar que abrangerá, em Portugal, uma franja significativa de organizações. O setor financeiro tem um papel fundamental a desempenhar para que se possam atingir os objetivos definidos. De que forma é que prevê que este novo quadro legislativo europeu relativo aos aspetos ESG impactem o Banco Montepio e a sua Cadeia de Valor?

A União Europeia posicionou-se à escala internacional como uma referência para o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável, inscrevendo metas exigentes no Acordo de Paris em 2015. Neste contexto, as políticas europeias têm vindo a focar-se e a exigir um maior retorno dos agentes económicos e financeiros, relativamente ao cumprimento dos objetivos e metas subscritos pelos Estados Membros da UE. O setor financeiro encontra-se sob grande pressão, inclusive regulatória, para acelerar o financiamento a uma economia mais sustentável e resiliente, a uma sociedade mais inclusiva, a modelos de gestão que considerem a relevância das partes interessadas. No Banco Montepio, estamos cientes de que este caminho assenta em patamares de exigência, mas também de oportunidade, que apenas seremos capazes de preencher se o fizermos em conjunto com as empresas e entidades que integram a nossa cadeia de valor. Estamos a trabalhar para promover, junto dos nossos clientes, um melhor conhecimento e aplicação prática das matérias que compõem a agenda para o desenvolvimento sustentável, mas também dos critérios ESG, cada vez mais importantes, não só quanto ao desempenho das organizações, mas também no que concerne à aferição de risco ao investimento.

Conhecendo o tecido empresarial português, considera que o mesmo se encontra preparado para responder ao quadro regulamentar, sobre esta matéria, nomeadamente o cumprimento de reporting a que a Diretiva da UE obriga?

As empresas nacionais têm evoluído bastante, considerando a conjuntura e os desafios dos últimos 3 anos, bem como a adaptação resiliente que continuam a evidenciar. Mas ainda têm desafios para acautelar, nomeadamente através de uma melhor consciência de como o desenvolvimento sustentável e as matérias ESG devem ser entendidas, integradas e reportadas em sede dos seus desempenhos correntes. A diretiva CISE da UE representa uma grande oportunidade para a prosperidade e competitividade do setor empresarial português, caracterizado pelas micro e PME, e o Banco Montepio está a desenvolver iniciativas que visam robustecer o conhecimento e a prática empresarial neste âmbito.

A Igualdade de Género e a Diversidade são critérios ESG. Como é que o Banco Montepio se comporta nesta matéria?

A Igualdade de Género, a Inclusão e a Diversidade são referências de governação e aplicação que implementamos no Banco Montepio, e que se inscrevem num referencial mais abrangente e indiscutível que respeitamos: os Direitos Humanos Universais. Temos uma Política de Diversidade e Inclusão e, em 2022, trabalhámos para colocar o Banco Montepio num patamar de referência, não só no seu setor, mas, também, à escala global. Concretizámos a representação de mulheres em 57% da Administração do Banco e atingimos a Meta Nacional para a Igualdade (40% de mulheres nos órgãos de decisão/primeiras linhas); assegurámos formação para a liderança no feminino; pertencemos ao iGen; subscrevemos a Carta Portuguesa para a Diversidade e aderirmos aos Women’s Empowerment Principles (WEPs) das Nações Unidas. Neste último compromisso, avaliámos o nosso desempenho nos WEP Gap Analysis Tool e atingimos o patamar “Achiever” onde estão 17% de empresas mundiais subscritoras dos WEPS (cerca de 7500). É um caminho que nos inspira, enquanto comunidade que faz acontecer o Banco Montepio, a fazer melhor pelas atuais e futuras gerações, principalmente pelo reconhecimento e integração do talento, pela paridade salarial, inovação e melhor produtividade - temas que não distinguem sexo ou género, mas representam uma oportunidade decisiva para a equidade socioeconómica.

Fale-nos do trabalho que têm vindo a desenvolver com o objetivo de financiar a Sustentabilidade Regenerativa, um dos temas em destaque nesta edição?

A Sustentabilidade regenerativa, não sendo propriamente um “tema novo” porque colocada em prática por comunidades indígenas, vai além das noções tradicionais de redução do impacto ambiental ou de conservação dos recursos, para se concentrar na criação e melhoria dos sistemas naturais. A premissa da sustentabilidade regenerativa não visa apenas minimizar danos, mas regenerar e restaurar sistemas ecológicos interligados também com a economia e a sociedade.

Sistemas sustentáveis apoiam a saúde e o bem-estar das pessoas, das comunidades e do mundo natural. Pela importância do tema, no que concerne à desejável harmonia com os sistemas naturais, queremos promover o debate quanto ao conhecimento sobre o conceito de sustentabilidade regenerativa, como se aplica e como poderá alavancar a inovação no financiamento tradicional.

Uma agenda dinâmica de melhoria e regeneração contínua que o Banco Montepio está a acompanhar, nomeadamente através da concretização de oportunidades de financiamento a empresas e projetos com impacto positivo no ambiente e na sociedade[1], permitindo gerar retornos financeiros, enquanto se criam benefícios sociais e ambientais.

Na edição de 2023 da ESG WEEK um dos temas que irão abordar será o Microcrédito e o Empreendedorismo Social. No complexo momento que vivemos, que soluções é que o Banco Montepio apresenta para novos projetos

O Banco Montepio está muito atento à conjuntura económica e financeira do país, por isso, prosseguindo a sua missão social e de criação de valor na comunidade, é um dos maiores investidores sociais em Portugal e acompanha de perto a evolução da temática da sustentabilidade na atividade financeira dinamizando um dos seus projetos de responsabilidade social mais expressivos – O Microcrédito e Empreendedorismo Social.

O Microcrédito é uma solução ajustada às necessidades de quem tem um forte espírito empreendedor e uma ideia sustentável de negócio, mas se vê confrontado com baixos rendimentos, dificuldades de acesso ao crédito ou situações de desfavorecimento social ou profissional.

O Banco Montepio intervém ativamente junto da sua rede de parcerias promovendo o conhecimento e a formação acerca das soluções disponíveis e apoia os promotores dos projetos com aconselhamento especializado e foco nos modelos de negócio apresentados. Este apoio é direcionado a quem acredita num futuro vencedor e pretenda criar o seu negócio com recurso a financiamento com condições diferenciadas.

O Banco Montepio, o IEFP, a CASES e as Sociedades de Garantia Mútua estabeleceram um protocolo de colaboração referente às Linha de Crédito no âmbito do Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego que visa combater a exclusão económica e social e o desemprego de longa duração. Funciona através de empréstimos de longo prazo com condições mais vantajosas para os empreendedores.

Para alem disso, o Banco está continuamente empenhado no desenvolvimento de novas soluções e linhas de financiamento para apoiar quem mais precisa. Dispõe ainda de produtos e serviços específicos destinados às micro ou pequenas empresas recém-criadas e associadas ao empreendedorismo, por forma a fomentar o crescimento das mesmas e, com isso promover o seu sucesso e causar mais e melhor impacto na sociedade.

Que mensagem final deixa aos seus stakeholders em matéria de ESG?

Os nossos stakeholders (partes interessadas) encorajam-nos a maior transparência, responsabilidade e a perseguir um melhor desempenho nos temas relacionados com o ambiente, a sociedade (as pessoas) e a governação, entendidos como parte da implementação da Estratégia de Sustentabilidade do Banco Montepio.

É importante ter uma consciência prática e uma visão de médio / longo prazo relativamente às matérias ESG, sobretudo por parte das organizações e da sua gestão, pelas implicações significativas para o desenvolvimento sustentável e sucesso futuro de cada empresa, independentemente da sua dimensão ou setor de atividade.

Os fatores ESG podem ter impacto no desempenho financeiro, reputação e capacidade de atrair e reter clientes, empregados e investidores de uma empresa. Nomeadamente, práticas ambientais deficientes ou danosas podem originar um aumento dos custos regulamentares, danos à reputação, e comprometer o acesso ao financiamento ou investimento. Da mesma forma, uma empresa com práticas sociais frágeis poderá enfrentar riscos legais e de reputação, bem como a redução da lealdade dos clientes e da satisfação dos empregados. Acresce que estudos e referenciais vários, à escala global, têm mostrado que empresas com bom desempenho nas matérias ESG tendem a gerir melhor os riscos, a inovação e a adaptação às condições de um mercado em constante mudança, o que pode levar a maiores retornos financeiros e melhores perspetivas a prazo. As partes interessadas, nossas ou de qualquer empresa, incluindo investidores, empregados, clientes e reguladores, têm interesse em compreender o desempenho ambiental, social e de governação, e como este pode ter impacto na prosperidade.

 

[1] Exemplo de financiamento BM para a regeneração: Biovilla