Skip to main content
Executive Director
UN Global Compact Network Portugal

Entrevista a Anabela Vaz Ribeiro - UN Global Compact Network Portugal

ESG WEEK 2024 é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Ética Empresarial [APEE], que conta com o apoio da UN Global Compact Network Portugal, que irá debater os grandes temas da Sustentabilidade, enquadrados nos domínios ESG – Environmental, Social, Governance.

A edição deste ano será constituída por 2 Fóruns exclusivamente presenciais. O 1.º Fórum irá realizar-se a 16 e 17 de abril, na Atmosfera M, em Lisboa, e o 2.º Fórum irá decorrer a 7 e 8 de maio no IAPMEI, em Lisboa. Ambos os fóruns terão Sessões Temáticas, Apresentação de Relatórios de Sustentabilidade e de Conteúdos Digitais. Como resultado do contributo das Organizações que se envolvem na iniciativa será publicada uma Brochura Digital. De destacar que no âmbito da ESG WEEK 2024, no dia 7 de maio realizar-se-á o Congresso de Ética APEE, com a presença de Organizações, Profissionais de Ética e Compliance, Professores, Investigadores e Estudantes, Representantes Governamentais e Personalidades da Sociedade Civil.

A UN Global Compact Network Portugal associa-se à ESG WEEK 2024 coorganizando no dia 8 de maio às 09h30 a sessão “SBTi e metas alinhadas com a Ciência”.

Em entrevista Anabela Vaz Anabela Vaz Ribeiro, Executive Director da UN Global Compact Network Portugal, partilha uma ambição “Gostaria muito que as empresas não perdessem de vista a sustentabilidade como um todo ao focar toda a sua atenção no desempenho ESG. O contributo para o desenvolvimento sustentável é mais amplo do que os temas que estão incluídos nos fatores ESG e a humanidade precisa desse contributo e dessa mudança.”

1 - Na ESG WEEK 2024, temos a honra de poder contar com a UN Global Compact Network Portugal como nosso Parceiro Estratégico. Como caracteriza a aposta nesta iniciativa?

O desempenho ESG revela-se determinante para a competitividade das empresas, pelo que o investimento que fazemos visa sensibilizar as empresas para os riscos que advêm das questões ambientais de contexto, bem como do seu modelo de governação. As diferentes sessões focam temáticas da maior importância para apoiar a capacitação e a literacia em sustentabilidade. 

2 - O UN Global Compact tornou-se numa das maiores iniciativas de sustentabilidade do mundo. Quando em 2000 Kofi Annan lançou o UN Global Compact, já havia uma ideia clara dos desafios que o mundo tinha pela frente em matéria de sustentabilidade? 

Se pensarmos que foi em 1987 que foi dado o alerta para o facto de que o modelo de desenvolvimento em curso não era sustentável, temos a certeza que sim. O objetivo do então secretário-geral das Nações Unidas era esse mesmo, incluir as empresas no esforço para transformar o modelo de desenvolvimento. É um processo em curso, mas que ainda requer escala e impulsionadores das políticas públicas, à semelhança do que está a ser feito na EU.

3 - O UN Global Compact está empenhado em apoiar as empresas na transição para uma economia mais sustentável. Que instrumentos ou iniciativas têm ao dispor das PME, que estão nas cadeias de valor das grandes empresas, em matéria de sustentabilidade e fatores ESG?

A nossa missão é essa. Apelar para que as empresas integrem as questões da sustentabilidade na sua estratégia e operações. É o que estamos a fazer através de programas aceleradores em temas como a integração dos objetivos de desenvolvimento sustentável, clima, igualdade de género e direitos humanos. Estamos também a lançar uma Academia em português para aproximar as empresas do tema e quebrar eventuais barreiras de língua pela indisponibilidade de conteúdos em português. Estamos também a apostar na criação de conteúdos através de publicações que criamos para trazer informação, literacia e dar voz às empresas nos investimentos que têm sido feitos na sustentabilidade. O último exemplo é a Brochura da COP 28, lançada este mês de abril.

4. - Diversas organizações têm aderido à vossa iniciativa Forward Faster. Explique-nos no que é que consiste e como tem decorrido?

O Forward Faster é a tradução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as empresas. Uma simplificação em cinco temas: salário digno, igualdade de género, ação climática, água e finanças sustentáveis, suportadas em 8 metas muito concretas. Se as empresas aderirem a estas metas, temos garantias de que conseguimos melhorar o desempenho das metas dos ODS, que está em 15% à data de 2023. É uma campanha que irá decorrer até 2030 e que esperemos que contribua para avançar para um modelo de desenvolvimento mais sustentável. A verdade é que as metas são muito simples, um back to basics, que é o que precisamos para resolver os problemas atuais das pessoas cujo nível de vida regrediu significativamente desde a pandemia e o contexto de guerra que se tem vindo a alastrar. 

5 - Recentemente participaram na COP 28, que teve lugar no Dubai. Qual o balanço da vossa presença no evento e quais as vossas expectativas em relação à próxima edição a realizar-se no Azerbeijão no final de 2024?

A nossa participação tem como único objetivo levar as empresas a este fórum mundial, onde se debatem os temas que mais afetam a humanidade. Colocar as nossas empresas em contacto com o que de melhor se faz no mundo sobre esta matéria, com líderes empresariais que têm as mesmas dificuldades e em contacto com peritos internacionais que dedicam a sua vida à ciência climática. Foi uma boa oportunidade para tomar contacto com essas inovações, mais uma vez, dar voz às nossas empresas e estabelecer novas parcerias. O grau de compreensão do tema é muito diferente depois dessa experiência e o networking, também. No Azerbeijão esperamos ter outras oportunidades de contacto com os nossos parceiros internacionais do sistema das nações unidas e aprender mais ainda para trazer esses conhecimentos para Portugal. 

6 - Na edição de 2024 da ESG WEEK o tema que irão abordar em sessão será “SBTi e metas alinhadas com a Ciência”. Quais os fatores diferenciadores das ferramentas e recursos SBTi?

A ação climática está longe de alcançar os níveis necessários para conseguirmos reduzir as emissões a um nível que permita limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC. Assistimos a um sem número de compromissos climáticos de médio (2030) e longo prazo (2050) efetuados por inúmeras empresas, mas é muito difícil avaliar se são exequíveis ou até rigorosos. Esse é o mérito da Science Based Targets Inititative. As empresas submetem as suas metas e os seus cálculos a verificação por peritos climáticos e estes confirmam a informação, validando os compromissos das empresas. 

7 - Que mensagem final deixa aos seus stakeholders em matéria de ESG?

Gostaria muito que as empresas não perdessem de vista a sustentabilidade como um todo ao focar toda a sua atenção no desempenho ESG. O contributo para o desenvolvimento sustentável é mais amplo do que os temas que estão incluídos nos fatores ESG e a humanidade precisa desse contributo e dessa mudança.